domingo, 9 de maio de 2010

Minha cidade em 10 anos

Eu acredito que minha cidade em 10 anos não terá muitas mudanças físicas. Na verdade acho que 10 anos é um tempo curto para que mudanças significativas aconteçam. Não duvido ainda que uma praça possa mudar, ou mesmo que possam surgir novos prédios. Shopping centers surgirão, tenho certeza, visto que vivemos em uma época onde o consumo é uma das principais fontes de lazer de uma população que vive sem saber o que realmente quer, e que para disfarçar a sua inquietude procura nos anúncios de televisão uma forma de saciar a culpa por suas vidas muitas vezes insignificantes. (Não culpo os publicitários, eles fazem a parte deles dentro de uma cultura que massifica os gostos e os desejos entorpecendo os valores e aquilo que realmente sacia as necessidades básicas do homem contemporâneo.)
Entretanto, gostaria que a principal mudança fosse aquela que se faz mais estrutural. Não só aos olhos daqueles que moram em bairros elegantes e sofisticados, até porque pagam impostos mais caros. Mas imagina o quanto seria bom ter bairros carentes e favelas urbanizadas, com casas reformadas, dando mais dignidade às pessoas carentes. Pessoas essas que estão mais expostas a doenças e as dificuldades no dia a dia para chegar e sair de casa, enfrentando ruas sem asfalto, esgoto a céu aberto, toda a sorte de problemas a serem sanados. Pessoas essas que dividem o mesmo espaço urbano, que trabalham conosco, estudam, frequentam lugares em comum.
Seria muito bom que as famílias tivessem os seus lugares certos de diversão. Áreas de lazer onde as pessoas possam confraternizar, levar seus filhos para brincarem sem medo, se divertirem com esportes ou mesmo momentos culturais. Um lugar onde a polícia é presente mas está lá para proteger todos os moradores e seus visitantes, e não oprimir aquelas pessoas que são desafortunadas por não terem nascido em uma família abastada.
Quero uma cidade livre, limpa, que possui uma população feliz, com acesso a esporte, lazer, cultura, transporte, educação, saúde, enfim, todos os serviços básicos com qualidade como se fossem pagos particularmente. Quero poder sair nas ruas sem medo. E quero que as pessoas possam ter sua diginidade e seus direitos respeitados ao máximo.
Sei que essa minha descrição, esse meu desejo, pode parecer utópico. Mas se não começarmos hoje e lutarmos por um espaço mais agradável, e por que não, decente, para todos os moradores não poderemos então reclamar daqui a 10 anos ou quantos anos mais passarem. Porque essa mudança não depende só dos governantes. Depende de nós. Depende de uma reforma íntima de cada um de nós no modo de pensarmos e agirmos como cidadãos. Lembremo-nos de que quem concede poder aos governantes somos nós.
Assim, desejo que acima de tudo que em 10 anos a nossa cidade esteja diferente, mas principalmente que a população, principal usuária e ao mesmo tempo beneficiária, tenha mudado o seu pensamento e consequentemente seu modo de agir. Depende de nós. Depende de mim, depende de você. Eu começo a fazer a minha parte agora. E você?
Luiz Felipe Erthal

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